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A falta de interesse na qualidade do ensino brasileiro  

5 comentários

Alex Ferreira

No começo, este país era visto apenas como uma colônia, um lugar para escravizados. A sociedade era formada pelos chamados de selvagens, estelionatários, malfeitores, prostitutas e Jesuítas. Estes últimos eram os que se interessavam pela "educação". Mesmo com a transmissão do ensino pela catequização, com intuito de converter os indígenas à religião católica e transformá-los em trabalhadores para a Coroa, os jesuítas se destacaram como os primeiros educadores do Brasil-Colônia.

Com a chegada da família real portuguesa, 300 anos mais tarde, o sistema educacional brasileiro foi modificado com a intenção de beneficiar, apenas, os mais abastados. A grande maioria, pobres, obviamente, não fazia parte desta contemplação. A forma que é tratada a educação é tão antiga quanto "a invasão" que foi chamada de descoberta. Não existia interesse na projeção deste país desde o século XV. A situação atual é uma perpetuação deste comportamento.

Os poderosos percebiam a fase ruim, como é hoje, e optavam em enviar seus filhos para estudar nas escolas de países com tradição no ensino. Hoje isso é feito também por meio das escolas particulares. Após algum tempo, mesmo com o desastre ocasionado pela falta de compromisso com a educação, houve uma atenção com o ensino das elites no Brasil com a instalação da Biblioteca Pública e a criação da Academia Real da Marinha (1808), Academia Real Militar (1810), Academia Médico-Cirúrgica da Bahia (1808) e Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro (1809).

Quando chegamos na história contemporânea, nos deparamos com a ditadura. Os que queriam comandar a nação como verdadeiros déspotas perceberam que o conhecimento estava se tornado o maior oponente que eles iriam enfrentar. Foi a consciência crítica que levou o Brasil a se tornar um país independente. Durante o regime militar isso foi facilmente subentendido e a oposição tinha respaldo suficiente para poder apontar a falha dos tiranos. Entretanto, essa conscientização de erro foi trabalhada para que acabasse definitivamente. E o reflexo disso é que estamos sendo estimulados a encarar o mal com banalidade.

A constituição de 1988 diz que é um direito de todos o acesso à educação. Parece piada, mas alguns dos que participaram da formação da nova constituição não conseguem assegurar o que afirmam, isso porque o trabalho que desempenham mostra exatamente o contrário sobre aquilo que está escrito. Assim, a incompetência e o desdém daqueles que deveriam estar zelando pela manutenção da base na educação se destaca mais que a seriedade da própria função. Os países emergentes têm feito investimento na educação para poder solucionar parte dos problemas. Os chineses investiram mais em educação nos últimos 50 anos que o Brasil em todos os seus 500 anos de existência. "[...] Não seria nenhuma novidade afirmar que o Brasil têm apenas 10,9% dos jovens entre 18 e 24 anos matriculados em Instituições de Ensino Superior, já a Argentina, apresenta uma porcentagem de 48%", informa o site do Ministério da Educação.

A complexidade em lhe dar com este assunto faz-nos pensar se é possível dissociá-lo da história deste país. Este jeito nefasto de tratar a educação vem do século XV, sempre existiu, e passa por todas as fases que o brasileiro vivenciou. Nas séries iniciais, o descaso tem se manifestado de uma maneira tão gritante, e de fácil percepção, que boa parte dos professores não tem preparo suficiente para poder ensinar. E se quem deveria ensinar não tem preparo que tipo de cidadão sairá da sala de aula? E das universidades?

Vivemos no século XXI, o período era para ser de avanço. Porém, claro que em alguns estados brasileiros o sistema de ensino funciona motivado pela persistência dos que acreditam. Mas no conjunto, a qualidade do ensino no Brasil deixa bastante a desejar. A atração circense promovida pela política atual com direito a picadeiro, palhaço e tudo mais, tem banalizado a nocividade produzida diariamente por aqueles que deveriam levar este país a sério. Enquanto a prioridade for passagens aéreas, altos salários, indicação de parentes e amigos, caixa dois, enriquecimento através do dinheiro público, criação exagerada de impostos, utilização do dinheiro público para reeleger alguns outros, retirada da verba para investir em festas populares, a educação sempre estará em segundo plano.

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5 comentários: to “ A falta de interesse na qualidade do ensino brasileiro


  • 26 de agosto de 2009 às 20:16  

    Concordo que o processo histórico tenha causado grandes cicatrizes no modelo de ensino no Brasil e que a banalização da hipocrisia política esteja corrompendo aos poucos nossos ideais de justiça, mas acredito também que apenas um discurso pessimista não ajudará em nada. Eu como futuro professor acredito que cada um tenha que correr atrás e fazer a diferença por si. É comum termos em nossa memória algum professor que nos marcou e que nos fez levar alguns ensinamentos para o resto da vida. Faço comigo uma matemática simples. Se em um ano eu tiver apenas uma turma tendo 40 alunos em média, em 20 anos de trabalho passei pela vida 800 mentes em formação. Tenho pela convicção que já farei a diferença. É simples, se cada um de nós acreditarmos que podemos fazer, faremos. Esqueça o processo histórico, ignore a displicência política e corra atrás para fazer a sua parte.

    ASS: Um Professor apaixonado.


  • 2 de setembro de 2009 às 13:15  

    A revolução deve vir de dentro. Não se pode esperar um transformação e nenhum níviel da educação se a pratica docente é anacrônica.


  • 18 de setembro de 2009 às 16:32  

    Olha o sistema educacional brasileiro está sofrendo um boicote, exagerado e desleal. O ponto chave é chamar atenção para aqueles que deveriam fazer alguma coisa e nada fazem.


  • 21 de setembro de 2009 às 19:57  

    Este comentário foi removido pelo autor.


  • 21 de setembro de 2009 às 20:04  

    Caros Editores da Antimatéria,

    Obrigado pelas palavras e por vincularem-se ao Palatus. Parabéns também pela iniciativa. Espero ler sempre bons trabalhos aqui, e certamente haverá.

    Quanto à discussão referente ao texto evidente, concordo com Marcelo em parte, já que, como ele mesmo diz ser futuro professor,essa história de cada um fazer a parte não conta muito na prática. Isso porque que a conjuntura político-adminitrativa do pais deve, a meu ver, atender de forma laica a todas as necessidades de uma educação...da básica ao pós-doutorado, afinal como esse "cada um fazendo a parte" vai cumprir com seu papel?

    Saí de um lugar onde se encontra 1 doutor para 3 mil pessoas e vim para outro que tem 1 para cada 200 pessoas, a diverença no desenvolvimento e qualidade de vida do lugar é imensa. Mas tudo começou assim? Acredito que não, e se está assim não é porque cada um fez a sua parte, mas porque cada um junto soube fazer as partes coletivamente. Penso assim.
    Nilson
    Nilson