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Alienação parental  

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Luiz Ribeito

Estréio minha coluna com um assunto polêmico, delicado e inesgotável. Como é ser filho de pais separados? Pergunta antiquada à primeira vista, pois nos dias de hoje esse tema se tornou normal, corriqueiro. A modernidade invadiu os relacionamentos amorosos, não se utiliza mais o famoso golpe da barriga para “segurar homem”. A separação, muitas vezes, é inevitável. Mas como controlar a mágoa, o sentimento de rejeição, o amor findado, sem transparecer para os filhos?

Esta pergunta é difícil de ser respondida. Como a tendência no Brasil é deixar a guarda dos filhos com as mães, não é raro que muitas delas utilizem dos filhos para retirar pensões exorbitantes do pai. E para isso, muitas vezes, usam da chantagem emocional. Para os filhos a imagem do pai é gradativamente deteriorada, pois a mãe sempre cita os pontos negativos da relação que culminaram numa separação nem sempre pacífica. “Quantas vezes ouvi da minha mãe que meu pai não aparecia lá em casa porque deveria estar com gastando o ‘nosso dinheiro’ com outras mulheres na rua”, relata Jones Cunha, 28 anos, estudante universitário.

Em casos mais graves filhos de pais separados enfrentam a síndrome da alienação parental, distúrbio mental causado pela constante difamação pelo genitor que tem a guarda contra o outro. Muitos foram os filhos que não conseguiram, depois da separação, estabelecer um vínculo com o genitor que não possuía a sua guarda. “Meu pai se separou da minha mãe quando eu tinha 6 anos, pouco tempo depois ele casou pela segunda vez com outra mulher. Daí em diante, minha vida virou um ringue de luta dividido em rounds. Minha mãe listava os supostos defeitos do meu pai e da minha madrasta. Afirmava que ele não tinha condições de cuidar de mim”, desabafa Armando César, 24, estudante de direito.

A alienação pode ocorrer de várias maneiras, seja ao não passar telefonemas ou suprimir informações médicas e escolares aos casos mais graves como inventar motivos para que as crianças não vejam o ex, ou mudar de endereço sem avisar. Para tentar solucionar esses dilemas, foi aprovado no dia 15 de julho de 2009, pela Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados, o projeto de Lei 4.053/2008. Esta lei define e penaliza a alienação parental: o genitor que tentar afastar o filho do ex-cônjuge pode perder a guarda e, se descumprir mandados judiciais, pode pegar até dois anos de prisão.

Outra tentativa de solucionar a questão dos filhos no caso de separação é a guarda compartilhada. Na guarda compartilhada tanto o pai quanto a mãe dividem aos direitos e deveres decorrentes do poder familiar sobre o filho. Em alguns casos, a criança ou adolescente pode passar um período na casa do pai e em outro ficar com a mãe. Porém, é necessário um acompanhamento psicológico para com a criança e ou adolescente, pois é um verdadeiro choque de realidades, culturas, estruturas de casa, famílias, principalmente quando a vida de um dos ex-cônjuges está sendo reconstruída com um novo parceiro.

Espero que com a inserção da lei os processos de separação e guarda, a reconstrução das “novas vidas” torne-se menos penoso para os pais e filhos. Além de sancionar as respectivas leis será necessário fiscalização, pois os processos de conduta comportamental, manipulação, chantagem, deturpação da imagem do cônjuge se faz de forma sutil, abstrata e, muitas vezes, obscura. Amor e a honestidade são as ferramentas precisas para criar uma criança numa atmosfera agradável e segura, na qual a criança ou o adolescente possa confiar.

foto: SOS-PAPAI

Filme:

Sugiro um filme para ilustrar essa matéria. Chama-se Lado a Lado (Stepmom), de Chris Columbus.

Sinopse: Uma jovem de doze anos (Jena Malone) e um garoto de sete (Liam Aiken), filhos de pais separados, não aceitam a nova namorada de seu pai (Ed Harris), uma bela e renomada fotógrafa (Julia Roberts). O garoto ainda tolera a situação, mas a adolescente não se conforma com a separação e com fato de seu pai e a namorada viverem juntos, pois isto significa que as chances de reconciliação de seus pais se tornam quase nulas. Por sua vez, a mãe das crianças (Susan Sarandon) ainda alimenta esta briga, fazendo o gênero "mãe perfeita". A fotógrafa faz de tudo para agradar as crianças, chegando ao ponto de dar tanta atenção aos enteados que acaba perdendo o emprego, pois deixou de ser a profissional competente que era. Até que uma notícia inesperada muda completamente a relação entre os familiares.

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2 comentários: to “ Alienação parental


  • 26 de agosto de 2009 às 19:54  

    O texto está muito bem escrito. Só não vamos culpar somente as mães. Sabemos que em grande maioria os pais também não fazem muito esforço para manter contato com os filhos! hehehe


  • 4 de setembro de 2009 às 11:22  

    E é exatamente por culpar somente as divorciadas ("as que vivem da indústria de pensão") que uma verdadeira legião de mães terminam com a guarda exclusiva dos filhos pelo desinteresse dos pais, e são as únicas responsáveis pelo sustento e educação dos filhos - porque criou-se a imagem de justeza do limite de 20% dos rendimentos do pai para a pensão. Esse limite não está escrito em lugar nenhum. E a mãe, que abriu mão da pensão porque é honesta e trabalha, tem que ouvir o clássico "vai à luta e não reclama". Mas ninguém diz isso ao pai.

    A ação de alimentos e visitação está cheia de "o pai tem direito a" mas nada se vê "a mãe tem direito". Só haverá bom senso nas ações de alimento e visitação quando direitos e deveres forem divididos meio a meio.