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Os professores no Brasil  

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Alex Ferreira

Desde a chegada dos "excêntricos" europeus ao Brasil, a educaçãotem sido tema de discussão. No século XV, a única referência de qualidade no ensino praticada foi a vivida na Europa. Os relatos históricos informam que o professor era o personagem de maior importância e com tratamento igual a função que possuíam. Essa forma de conduzir a educação, que dava supremacia ao professor, tem sido discutida nos dias atuais em encontros sobre a qualidade do ensino. Para muitos, indiscutivelmente, o professor é visto como principal personagem da qualidade na educação de um país. Se o professor tem a responsabilidade de ser o principal agenciador da educação, quem é responsável por qualificar aqueles que decidem ser profissional do ensino?

Após a independência do Brasil, o Estado passou a ser o principal responsável pela educação e pelos profissionais que teriam predisposição para desempenhar a função de professor. Cursos de capacitação e graduação foram utilizados para estruturar aqueles que seriam os agenciadores do país. Atualmente no Brasil, o Ministério da Educação tem veiculado uma propaganda que legitima a figura do professor como mais importante na qualidade da educação e no desenvolvimento econômico e social do país. Este comercial valoriza o discurso que estabeleceu a relação de poder do professor com a educação. Durante muito tempo, o protagonista do ensino foi tido como parte integrante da educação do indivíduo, visto até mesmo como principal formador de opiniões. No vídeo, os países citados (Espanha, Holanda, Inglaterra, Alemanha, França e Finlândia) são comparados ao Brasil. Como? Na qualidade do ensino e na representação daquele que é o agente principal, o professor.

Ao assistir este comercial tem-se a convicção da qualidade na educação do país. Existe a suposta consciência de que o professor tem uma importância vital, sem importar se ele pertence ao ensino federal, estadual ou municipal, público ou privado, afinal, todos são professores. Para entender que tipo de tratamento esses profissionais recebem tem-se na Bahia relatos sobre como os acontecimentos são controversos ao vídeo exibido.

Na Bahia

Em Salvador, os professores enfrentam problemas para conseguir aumento salarial. Em setembro desse ano, os
professores estaduais fizeram uma paralisação de 48 horas, protestando contra a nova medida adotada pela Secretaria de Educação do Estado (SEC), que cogita a possibilidade de unificar turmas com baixo número de alunos. Este procedimento chamado de enturmação será um agravante ao aprendizado – de acordo com os professores. Ainda no mesmo mês, foram assassinados, em Ilhéus, o Presidente do Sindicato dos Professores (APLB), Álvaro Henrique Santos, e o Secretário do sindicato, Elisnei Pereira, que juntos haviam coordenado uma paralisação reivindicando melhorias para a classe. Um detalhe importante: o slogan da camisa dos professores no dia da paralisação ("Sem a valorização do Professor não se constrói um Porto Seguro") demonstra uma realidade. Estes fatos entram em contradição com o vídeo exibido pelo Ministério da Educação.

Assim sendo, como destaque para educação, o professor Martin Carnoy, doutor em economia pela Universidade de Stanford, e que comanda um centro voltado para pesquisa em educação, numa entrevista concedida a revista
Veja de setembro de 2009, disse que em 2008, quando esteve no Brasil para coordenar um estudo cujo propósito era compreender o que se passa na sala de aula, percebeu que a educação brasileira é arcaica, porque é a moda antiga, como se fosse no século XIX, e que a educação possui mais teoria e menos prática, sendo o principal agente da educação desvalorizado enquanto profissional.

A relação entre o Brasil e esses países não corrobora com o vídeo exibido pelo MEC, mesmo com um personagem importante em comum. Para citar apenas um exemplo, na
Espanha, os professores possuem carga horária reduzida, com uma média de 25 horas para o ensino fundamental e 20 horas para o secundário. Esta forma de trabalhar exige dedicação exclusiva e assegura a qualidade de vida do profissional. No Brasil, sem fazer menção salarial, tem-se a carga horária que ultrapassa em alguns casos as 40 horas estabelecidas pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que em dezembro de 2008 concluíram que assim deveria ser a carga horária de um professor. De fato, está estabelecida a igualdade? Basta pensar um pouco.

A resposta está nos fatos

Para encontrar a réplica, é só comparar o vídeo com os acontecimentos. O assassinato dos professores em Ilhéus (BA) - que a polícia alega está investigando se os professores tinham algum inimigo -, a reivindicação por aumento salarial pretendido pela categoria, em Salvador, tanto pelo estado, quanto pelo município não foram atendidos, a processo sobre a enturmação continua sem levar em consideração a palavra do principal responsável pelo desenvolvimento econômico e social de um país de acordo com o vídeo: o professor.

Em 2009 foi previsto um orçamento na educação de cerca de R$ 5 bilhões. Recentemente, o Rio de Janeiro tornou-se oficialmente a sede das Olimpíadas de 2016 e o investimento para esse projeto é de cerca de R$ 100 bilhões para os próximos cinco anos, disse Sérgio Cabral. No Brasil, pode-se dizer que se investi cada vez mais na perpetuação da inconsciência coletiva. Até quando?

O resultado final

Se os representantes da consciência crítica estão em desvantagem, com baixos salários, carga horária excessiva, surrados por estudantes, sendo mortos por estarem incomodando gente poderosa e que pratica o sutil discurso da segregação, os aprendizes desse agenciador da educação, hoje, definitivamente, a grande maioria deles, estão aptos a inércia coletiva, para prejuízo de si mesmos e do país. Professores despreparados produzem estudantes e políticos inconscientes.
foto: Veja

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