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A educação e a política do "todo enfiado"  

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Alex Ferreira

Um dia ao chegar no serviço noto as pessoas reunidas em pequenos grupos folheando o jornal. Como esses grupos normalmente chamam atenção e a curiosidade contribui, fui lá e me juntei ao grupo para saber o motivo de tanta balbúrdia. Para minha surpresa, aquela professora que subiu em um palco e dançou "Todo enfiado" virou capa de jornal. Em seguida começam as especulações: "o vídeo dela ficou em terceiro lugar como o mais acessado no Youtube", disse um colega. "Em dois dias foram feitos mais de 50 mil downloads", afirma outro.
Francamente, a educação na Bahia está assim como a professora: muito procurada, porém com pouco a oferecer. Não se pode negar que alguns têm feito um empenho ávido para poder dar qualidade, porém os verdadeiros responsáveis pela gerência da educação insistem em dizer que o quantitativo está bom. E a qualidade?

Em Salvador, o entretenimento e a política da "bunda" têm dado certo. Os mesmos que restringem o ensino usam a maneira cultural de ser dos baianos para ganhar dinheiro. Como conseqüência, todos os dias centenas de jovens não conseguem arranjar emprego por causa da má formação que possuem. Em outras situações são ludibriados com empresas que oferecem um curso qualquer e que no final precisam recorrer, com muita sorte, às vagas de subempregos ofertados.

Notem, as grandes escolas são as públicas (grandes em tamanho). Como está a qualidade do ensino nessas escolas? Professores reivindicam correção nos salários, estruturação de funcionários (serventes, merendeiras, zeladores etc.), os alunos suplicam por professores que nunca chegam e são tratados como meliantes. Qual o futuro desses alunos?
Consciência crítica não se forma da noite para o dia. E quando uns poucos alcançam uma qualidade e consciência melhor de ensino vem a grande dificuldade: Desconstruir todo o conjunto de regras que foram estabelecidos a partir dos aparelhos ideológicos (família, escola, igreja, mídia e, a mais recente, internet), que auxiliam em montar cada discurso sobre os assuntos existentes.

Porém, a imbecilidade latente e progressiva tem sido, praticamente, a palavra de ordem para o ensino na Bahia. Quanto desprezo! Não se trata de desesperança, muito menos de incredulidade, mas da consciência sobre a inércia daqueles que preferem oferecer investimentos para soluções que não vão criar uma consciência sobre estes fatos.

Fonte: Imagem: http://otorto.files.wordpress.com/2007/01/professora1.gif

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5 comentários: to “ A educação e a política do "todo enfiado"


  • 23 de setembro de 2009 às 22:31  

    Há coisas muito mais importantes com o que se preocupar do que com o que fazemos em nossos momentos de lazer


  • 26 de setembro de 2009 às 20:47  

    Realmente foi um grande alarde o incidente! Mas é lastimável como redirecionam o verdadeiro foco q deveriam estar nossas criticas na educação! Ótima matéria!


  • 4 de outubro de 2009 às 16:43  

    Oi Alex!
    Muito bom seu texto. Parabéns!
    Excelente crítica a realidade educacional atual.
    Sou aqui do Rio e por intermédio de um amigo blogueiro soube da história.
    Uma pena este assunto ter tomado a dimensão que tomou e a educação que deveria ser o foco principal ser deixada de lado.
    Concordo em gênero, número e grau com vc. Quando não investimos e nem oferecemos uma boa educação ao nosso jovem o que vemos é um povo burro, inculto e despreparado para encarar os avanços tecnológicos atuais. Qual o futuro que teremos? Com certeza, ruim e nebuloso.
    E não pense que é somente ai na Bahia, sou do Rio e aqui a realidade é a mesma.
    Uma pena, vermos que nos quatro cantos de nosso país o povo se torna cada vez mais "ignorante".
    Muito triste.
    Um abraço.
    Cintia Carvalho.


  • 4 de outubro de 2009 às 21:29  

    Oi Alex, concordo com você. Sou nato baiano e me envergonho com esse tipo de política. Mas o que mais me deixa indignado é (des)educação musical posta em foco no estado e não se tem a menor preocupação com tal descontrole. Escrevi no Palatus sobre isso naquela semana de grande repercussão...e lá, muito indignado, acabei sendo meio explosivo diante do fato...mas para quê criticidade se somos tão infimos diante dessa mídia e povo baixos que, muitas vezes, paga para ver alguem "todo enfiado" na jaca???
    Valeu pelo texto...abraço,
    Nilson


  • 6 de outubro de 2009 às 16:28  

    Cada dia ficando melhor. Tu tens fel na boca. Perfeita mistura de sarcasmo, informação, crônica, crítica... Vou ficar aqui e refletir - e esperar com afinco mais um pouco desse ácido intelectual que tem me nutrido na tua próxima coluna.